quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Olimpídas da Língua Portuguesa: Textos finalistas da escola

Poema:
Minha cidade... Meu poema
Camapuã, terra querida
Jamais poderá ser esquecida
A Terra dos seios erguidos
Muitas riquezas atrás deles escondidas

Cidade de gente humilde e hospitaleira
Terra de muitas lutas e conquistas,
Subidas e descidas
Que jamais poderão ser esquecidas.

Quem um dia por aqui passar
Com certeza na lembrança irá ficar
E a qualquer momento virá a retornar.

A esta cidade que me viu crescer
Espero um dia poder agradecer
E a ela o meu conhecimento oferecer. 

Aluna: Samara Garcia Soares


Memórias:
Uma Aventura, Uma Viagem
(TEXTO BASEADO NAS MEMÓRIAS DO TIO DE 57 ANOS: JERÔNIMO LUCIANO SIMÕES)
 

      Nos meus tempos de criança, na fazenda onde eu morei com minha família, apesar de ser difícil viajávamos sempre.  Levávamos um mês para ir à Camapuã e, mais um para voltar. Era uma verdadeira aventura. Nós levávamos latas de banha, queijo e um cercado de galinhas para vender na cidade. Quando chegava a noite acampávamos na beira de um rio, onde mamãe cozinhava.
      Enquanto isso, tomávamos banho, pegávamos água e soltávamos os bois para descansar, pois eram de vinte sete a trinta por viagem. Cada boi tinha um nome: Barão, Relógio, Ponteiro, Gabinete, Troveiro, Macioso, Bravio, Rolete, Fazendão e o meu favorito, o Limão. Eu sempre dizia que ele era meu. Ele era meio avermelhado e sem pintas.
      Lembro-me de quando eu olhava as estrelas. Eram lindas e nós ficávamos tentando contá-las. Tudo naquelas noites era encantador e sombrio.
      Ao amanhecer, dávamos continuidade a nossa longa viagem. Eu fazia parte dos irmãos mais velhos e por isso sempre ia com o pai e a mãe viajar, quase sempre a Camapuã, mas uma vez por ano também partíamos para Campo Grande.
     Em Camapuã era tudo tranquilo, pois era um vilarejo bom, limpo e simples. Lá comprávamos roupas, mantimentos e o sal, este último, artigo indispensável para o gado e para a nossa própria sobrevivência.
     Na nossa volta, passávamos por fazendas inesquecíveis por suas belezas e as aventuras eram tantas quantas na ida. Lembro-me de quando levei um coice de um cavalo, chorei tão alto que o cavalo fugiu. Só parei de chorar quando uma senhora me deu uma bala _aí que a situação saiu do controle _meus irmãos também queriam e a pobre mulher teve que abrir um saco e dar cinco para cada um.
     Quando chegávamos em casa começávamos a preparar a viagem do ano seguinte. Hoje sou adulto e vejo sempre na televisão; crianças, adolescentes e idosos morrendo no trânsito. Na minha época, morte só se fosse de infarto. O nosso trânsito era de cavalo e de carro-de-boi e, era muito difícil alguém morrer naquela  situação, pois no encontro por acaso de duas pessoas na estrada, eram só abraços e gargalhadas. Hoje, eletrônicos atrapalham o nosso tráfego. Que bom seria se mesmo com o carro e a moto, pessoas não morressem no trânsito; mesmo com o celular, pessoas não usassem ao volante, pois isso é um perigo. Quando entro no carro venho a pensar : “Estou agora entre a vida e a morte”.
     “Perigo”, na minha época, perigo mesmo era montar em um animal bravio e desconhecido; era enroscar o pé no estribo ao cair do cavalo; era não ser rápido o suficiente para “pontear” os “Bois de carro” e acabar sendo pisado por eles; era se deparar com animais selvagens nos intermináveis caminhos; era o estouro de boiada, que tantos poetas já contaram em verso e alma; era a fome; as doenças e o cansaço.
     Do que sinto falta hoje? Daquele cheiro de bosta de vaca! Alguns dizem que é fedido, mas para mim é o mais puro dos aromas _Ah! Como eu queria senti-lo de novo. Ele era mais cheiroso ainda em formato de adubo para as plantas, minha mãe tinha muitas plantas naquela época e até hoje tem.
     A minha comida favorita era o franguinho “caipira” que só a minha mãe sabia fazer.  Eu nunca irei me esquecer daquele cheiro; um cheiro tão suave e suculento que me levava diretamente à cozinha _aquele arroz carreteiro, a farofa, Hum!!! Eu adorava. Na mesa tinha várias outras coisas, mas nada me chamava tanto a atenção quanto a coxa do frango. Como éramos muitos disputávamos os pedaços preferidos.
     Impossível esquecer-me das tardes de verão, quando papai levava os meninos para a roça. Lá trabalhávamos até o pôr do sol, e depois, encarávamos mais uma grande caminhada até em casa. Naquela época quase tudo era uma aventura e quase tudo era uma viagem longa, ou curta demais para nossos corações ansiosos.
Aluna: Bianca Simões Ribeiro

Crônica:
Simples Traço 
Nas manhãs de quarta, logo quando o sol se mostrava entres os morros que ali cercava, nos riscos amarelados que se ousavam a contrastar com o céu azul celeste que predominava, com pequenos e poucos amontoados de nuvens, que mais pareciam plumas no ar.
Era em uma cidade pacata, em um subir e descer de ruas vazias, que apontava um velho senhor que trazia em suas mãos poucas folhas de jornal velho, ele sentava em banco cinzento qualquer da praça, e dali se ouve cochichos que saem e entram das janelas, e a brisa leve que sopra e traz os gritos e risos de crianças que dispunham a correr.
E o velho conta e reconta as histórias que acontecia entre as vilas de onde surgiam casas coloridas, com janelas de todos os tamanhos e formas, retangulares, redondas quadradas e triangulares, e com telhados velhos gasto pela chuva, o sol, que refletia nos vidros e frestas de janelas, por onde ouvem latidos de cachorros, os miados de gatos e os cantos das aves que ficavam nos altos das árvores, de onde se podem observar os traços dos rios que se formaram entre o pouco verde que restou.
O Velho senhor sabia de tudo, ouvia tudo e conhecia todos, sabia das coisas da esquina, sabia do casal que nem sabia que tinha, e em uma de suas caminhadas ele dizia que em uma cidade onde tem tanto a mostrar, que nasce a dança das borboletas, e uma voz grave e alta que se mistura aos batidos de mãos e pés de dançarinos, em que seus movimentos eram sincronia, para um público atento e singelo.
E nessa terra em que vivo onde o sol doura o céu, onde o colorido é enfeite, onde os campos são banhados por um verde, de onde nasce o encanto em simples traços.
Aluna: Fernanda França Lima

Artigo de opinião: 
Camapuã! Respeito sua história.

   Afinal, todos conhecem suas raízes? Sabem o que significa o nosso nome? As nossas origens? Pense, como chegou aqui e o que seus antepassados passaram até alcançar sua linhagem?  Somos descendentes de uma linhagem onde é valorizada a música boa, as danças, as festas e temos crenças, estas estão se perdendo a cada geração, o que é muito triste, isso deve e tem como ser evitado.
   Olho pelas ruas, vejo jovens seguindo uma cultura, na qual não se valoriza mais os bons hábitos, a educação, nem o respeito ao próximo, respeitam muito menos sua própria cultura, zombam de quem segue costumes típicos de nossa região, os quais  deveriam  valorizados, costumes que  fazem parte da história e está na linhagem de cada um, no sangue, um bem precioso que jamais deveria ser perdido.
  Camapuã, nome de origem tupi-guarani, significa “seios erguidos”, devido ao par de morros divididos no alto da serra, sendo estes  na forma de seios apontados para cima. Uma cidade de história, com festas empolgantes em seu calendário religioso, como as celebrações ao nosso padroeiro, São João Batista, comemorada com a realização de novena, encerrada com a queima da fogueira no dia 24 de junho, conta com a participação de toda a comunidade.  Outra festa carregada de simbolismo e importância é a  Festa do Divino Espírito Santo, antes comemorada na Pontinha do Cocho, distrito de Camapuã, hoje, a festa é realizada na Santa Tereza, região agora registrada como comunidade quilombola e atual distrito de Figueirão, não deixando de ser uma festa típica dos camapuanenses, que ainda cultivam raízes nesse lugar, e levam a história de seus familiares como bagagem, são sentimentos, momentos e lutas, devem-se lembrá-los e respeitá-los. Sem esquecer as famosas festas de rodeio e laço, atraindo pessoas de culturas totalmente diferentes, com suas músicas super animadas, danças e shows apresentados durante uma semana, movimentam toda a cidade.
    Há pessoas capazes de dizer que isso não tem importância, que é algo vago, sentem vergonha, negam de onde vêm, ao chegarem a outros municípios não conseguem reconhecer a importância de sua cidade. Isso é certo? Claro que não, olhem a sua volta, quantas pessoas tiveram a oportunidade de nascer num lugar simples, onde todas as pessoas se conhecem, sabem em quem confiar. Tem a chance de mostrar aos seus filhos costumes como a boa moda de viola, ensinada desde cedo aos meninos pelos pais, a dança do caranguejo e a famosa catira, símbolo de nossa região, uma dança que mostra forte influência indígena, com o intuito de registrar o respeito pelos mortos, a importância da família e entre outros grandes motivos, espirituais e culturais. Isso é um legado mais valioso que muitas coisas materiais, faz parte de cada um e não pode ser deixado de lado.
 Você camapuanense, tenho certeza que no fundo você não quer ver sua história perdida, peça ao seu avô ou a sua tia que lhe conte sobre esse lugar, procure conhecer, evoluir, passe adiante. Eu mesma jamais permitirei que meus filhos não façam parte disso, de um lugar maravilhoso, onde as pessoas de bom coração são notadas e o convívio com o próximo é algo prazeroso, ao olhar pra trás podemos ver uma história incrível de descobertas, de lutas e ainda enxergar o nosso nome ali, a nossa linhagem.
   Nesse lugar eu deixo minha história, é daqui que levo minhas melhores lembranças, nessa terra tem nossas raízes, as quais jamais serão movidas, pense no quão importante é realmente se conhecer. Quando ouvir o nome Camapuã virá a mente um sorriso,  músicas, festas, pessoas,  histórias. Cultura passada de geração a geração como conservação da história e esperança de um futuro repleto de sensações inspiradas em uma cidade interiorana, na qual se respira paz e tranquilidade.

Aluna: Valesca Soares Consolaro